sexta-feira, 6 de maio de 2016

Português se torna o vilão dos concursos públicos - (Momento Leitura e Reflexão)

Por Helio Silva

Os erros gramaticais e de interpretação são responsáveis pela maioria das reprovações em concursos públicos. Parece bobagem, mas a fragilidade do conhecimento formal da língua portuguesa está prejudicando milhares de concurseiros. Na era da informação e da internet, saber se comunicar não é suficiente para vencer uma prova de português em um concurso público.

“A internet bagunçou totalmente! Não se observa mais a concordância verbal. Em uma frase, a pessoa é tratada como ‘tu’, mas o verbo é conjugado como se fosse ‘você’. Eu costumo dizer que o concurso não pode ser uma prova ‘auditiva’, o candidato não pode ‘ir pelo ouvido’, porque o mundo virtual destruiu a língua portuguesa!” (...)

O aumento do peso da língua portuguesa nos concursos é uma tendência, conforme explica a professora: “atualmente muitos concursos têm colocado português como classificatório e eliminatório. Mas a importância dele vai muito além: se o concurso prevê questões de raciocínio lógico, é preciso ter um bom português para entender os enunciados. Na própria legislação, uma colocação pronominal ou uma vírgula deslocada podem mudar tudo”. (...)

De acordo com levantamento realizado nos dados do banco de questões e simulados online da empresa Rota dos Concursos, com mais de 500.000 questões, interpretação de texto e a morfologia são os tópicos mais exigidos pelas bancas examinadoras. Nas provas do Centro de Seleção e Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB), 45,8% dos tópicos exigem interpretação dos textos, já nas avaliações da Escola da Administração Fazendária (Esaf), este assunto representa 28,3% dos itens.

Para garantir a vaga no serviço público, o professor Andresan Machado recomenda que o candidato faça um curso específico da matéria, além de realizar muitos exercícios. O professor relata a procura crescente pelos cursos de resolução de questões, que são uma boa oportunidade para que o aluno exercite o conhecimento e também se familiarize com a linguagem das organizadoras, garantindo a compreensão dos enunciados das questões: “percebemos que muitas vezes o aluno sabe a matéria, mas não entende o enunciado”, alerta.

A professora Beatriz concorda: “conhecer o mecanismo da banca é importantíssimo. O candidato que se habilitar a fazer uma prova e não fizer muito exercício pode ser comparado a alguém que pensa em correr, mas fica só na teoria, no pensamento”, completa. A professora destaca ainda que a postura correta do candidato é o preparo a longo prazo. “Hoje um módulo de seis meses em português, com aulas uma vez por semana, pode chegar a sete, oito meses, dependendo da necessidade do grupo. A resposta é muito positiva. No mínimo, os alunos levam uma nova noção da importância do português”, diz.

A professora reforça que o concurseiro não deve ter pressa e dá a sua dica para aqueles que almejam uma vaga no serviço público: “concurseiro tem que ter escolha, firmeza, persistência e humildade. Esse é o caminho para chegar lá!”
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