domingo, 13 de julho de 2014

Escrever: um ato penoso - Escrever é Preciso

Sabemos que o primeiro ato da comunicação é o gesto. Logo em seguida vem a fala, que é mais evidenciada. E a escrita veio para registrar, dar certa forma à linguagem gestual e oral.
Há algum tempo vimos percebendo o quanto escrever tem sido penoso para a maioria dos brasileiros. A falha nesse processo de escrita começa com a falta de hábito de leitura. Temos excelentes escritores, exportamos literatura para praticamente todos os países, mas onde estão os leitores brasileiros? Se não lemos, temos um vocabulário restrito tanto para falar quanto para escrever.
 E quando escrevemos vêm alguns professores e/ou “aspirantes a professor’’ (parentes e amigos) podando o nosso texto. Parafraseando Hermeto: ‘’Deixa a criançada escrever. ’’
Queremos, já, nas primeiras produções textuais, despejarmos todo o arsenal de técnicas e teorias redacionais sobre o redator (aluno ou pessoa comum). Esquecemos que praticamente tudo na vida é gradual. A criatividade tem de vir em primeiro lugar, e as técnicas depois. Quando invertemos o processo a criatividade não flui. É claro que a teoria é importante, mas somente quando tem sentido para nós e nos faz refletir sobre a prática. Isto é, primeiro temos de criar e sentir o texto, depois aliar às técnicas de produção.
 Se queremos motivar a escrita em alguém, temos de lhe dar um sentido; ele tem de sentir que é necessário e que pode fazer um bom texto, sendo assim, terá vontade de produzi-lo.
Mãos à obra: ESCREVA! Práticas e teorias andam de mãos dadas, portanto, as técnicas de escrita vão se construindo na própria experimentação, (des) construção e exploração dos textos.

Crônica produzida durante o Curso de Pós-graduação
Flávio B. S. dos Santos
Santos-SP. – 02/2012

domingo, 20 de abril de 2014

Porreta – Significado da Palavra

Ilustre Leitor,
Um amigo perguntou-me outro dia se a palavra “porreta” era um palavrão (palavra de baixo calão). De bate-pronto respondi que não. Mas confesso que fiquei com uma pulguinha atrás da orelha e fui pesquisar...
De acordo com o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2009, p.1527), Porreta é um adjetivo e o seu significado dar-se-á conforme o contexto. Por exemplo:

Fernanda é porreta! (muito bonita, linda)
Ana Luíza é porreta! (prestativa)
Samuel é porreta! (confiável)
Maria Elza é porreta! (comunicativa)

Podendo significar, também: leal, simpático, afável, prestimoso.

Portanto, esse vocábulo pode ser falado/escrito normalmente sem nenhum problema.

Abraços e até a próxima edição.
Se gostou, compartilhe. Conhecimento nunca é demais!


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FONTE

HOUAISS, Antônio & VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1.ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.



Praia Grande-SP. – 02/2014
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sábado, 8 de março de 2014

Cartão de Visita - Gênero Textual

Cartão de Visita

Antenado Leitor,
O Cartão de Visita é um Gênero Textual com característica predominantemente Descritiva.


Quase tudo que escrevemos é texto (veja publicação sobre texto em: http://linguaportuguesaem5minutos.blogspot.com.br/2014/03/texto-o-que-e.html). Cada texto tem uma característica, por isso é classificado em Gêneros Textuais, para facilitar a compreensão.

Veja mais sobre Tipologia Textual e Gênero Textual em: http://linguaportuguesaem5minutos.blogspot.com.br/search?q=g%C3%AAneros+textuais).

Conhecimento nunca é demais.

        Até a próxima edição.

        Se gostou: compartilhe.

Abraços a todos.



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quarta-feira, 5 de março de 2014

Texto - O que é?

A palavra texto provém do latim textuns, que significa tecido, entrelaçamento. O texto resulta de um trabalho de tecer, de entrelaçar várias partes menores a fim de se obter um todo inter-relacionado; é um conjunto de palavras encadeadas formando um sentido ou conceito. Daí poder falar em textura ou tessitura de um texto: é a rede de relações que garantem sua coesão, sua unidade.
Em consonância com o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2009, p. 1840), texto é um conjunto de palavras escritas, em livro, folheto, documento etc.; redação original de qualquer obra escrita; trecho ou fragmento de obra de um autor; passagem da Bíblia que se toma para servir de tema ou assunto de um sermão; qualquer material escrito que se destina a ser falado ou lido em voz alta.

Vale adotar a frase: “Tudo é texto.” Exceto títulos, subtítulos, gravuras.

            As mais variadas informações encontram-se no mundo atual. É necessário, porém, filtrar dados, relacionar fatos, compreender situações e criar novas possibilidades chegando ao desdobramento do próprio conhecimento.
            O mundo é muito complexo e, para entendê-lo, é preciso que você viaje pela palavra, lendo diferentes tipos de textos informativos em revistas e jornais, textos opinativos (sobre o que acontece no mundo) e textos ficcionais (romances, poemas) que mostrem a criação da fantasia e um mundo imaginário que o leve a pensar sobre um mundo real.
            Viaje pela música, pela imagem, observando pintura, lendo quadrinhos, jornais, revistas, viaje pela internet etc. Depois de tantas leituras variadas, forme sua própria opinião, ou seja, construa seus próprios textos.
            Captar a essência dos textos por diferentes maneiras é um desafio. Cabe ao leitor identificar e interpretar a reprodução ou a montagem de imagens que estão presentes nas ações das pessoas de qualquer lugar no mundo, fazendo parte daquilo que chamamos de CONHECIMENTO.

Onde Encontramos Textos

*Internet;

*Correspondências;

*Pinturas;

*Jornais;
            Os meios de comunicação de massa denunciam fatos da realidade. O jornalista escolhe bem as manchetes, traduz posições críticas, busca significados que possam coincidir com o que o leitor espera ler: imagens verbais e não verbais de noticiários violentos, esportes, cultura, propaganda etc.

*Quadrinhos;
            Em algumas tirinhas há textos críticos. O autor reúne valores, brinca com os comportamentos humanos, utilizando estratégias que constroem o mundo do riso.

*Revistas;

*Propagandas.


Fonte

Apostila COC. Editora COC. Ribeirão Preto, 2010.

GRANATIC, Branca. Técnicas Básicas de Redação. Nova Edição.
Editora Scipione. São Paulo. 1995.

HOUAISS, Antônio e Villar, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1.ed. Rio de Janeiro. Objetiva, 2009.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Artigo Científico (TCC): A IDEOLOGIA CRISTÃ NO CONTO INFANTOJUVENIL “O LEÃO, A FEITICEIRA E O GUARDA-ROUPA”, DE CLIVE STAPLES LEWIS

  
A IDEOLOGIA CRISTÃ NO CONTO INFANTOJUVENIL “O LEÃO, A FEITICEIRA E O GUARDA-ROUPA”, DE CLIVE STAPLES LEWIS


Flávio Barbosa Silva dos Santos¹












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1. Graduado em Letras (Licenciatura Plena em Português e Inglês) pela FESB: Faculdade de Ciências e Letras de Bragança Paulista-SP. Professor de Língua Portuguesa em colégios da rede particular de ensino (E.F. e E.M.). Articulista/Colunista em jornais do país.  Escritor (com publicação de texto em livro e premiação pela Academia de Letras, Artes e Ofícios de São Vicente-SP.).

2. Artigo Científico apresentado ao programa de Pós-graduação lato sensu em Língua Portuguesa do Centro Universitário Monte Serrat (Santos-SP./2013) como avaliação parcial para a obtenção do título de especialista em Língua Portuguesa.

3. Agradeço a Deus, por me dar força e coragem; por nunca me deixar desistir de ser professor; por ter me dado a bênção e a oportunidade de concluir este curso: Especialização em Língua Portuguesa. À minha amada esposa e à minha amada filha, por serem os meus alicerces e o meu combustível. Sem vocês a minha vida e os meus passos seriam mais curtos. Aos meus pais, sempre torcedores cativos e presentes em todas as etapas de minha vida, apoios eternos e incondicionais. À minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Simone Rodrigues Batista, que caminhou comigo até o término deste trabalho com entusiasmo e alegria contagiantes. Aos colegas e amigos que, direta ou indiretamente, colaboraram para que este trabalho tomasse forma. Louvo a Deus por vocês fazerem parte da minha história.


Introdução

Este trabalho tem como objetivo analisar a maneira como a ideologia cristã se manifesta no conto infantojuvenil de Clive Staples Lewis a partir dos mecanismos oferecidos pela Literatura que perpassa e conversa com todas as áreas do conhecimento; fazer com que o aluno aprenda a filtrar e a transformar tantas informações em conhecimento por meio das várias leituras e envolvê-lo na esfera da Educação Problematizadora (GADOTTI, p.151), que é baseada na criatividade e possibilita uma reflexão e uma ação críticas sobre a realidade comprometida com a transformação social; situar o conto de Lewis num determinado contexto sócio-histórico para que sejam feitas inferências literárias sobre a sua produção; verificar como o texto analisado produz seus sentidos.
A presente pesquisa nasceu de um bate-papo com minha filha sobre o livro (que à época tinha 12 anos e leitora assídua) e despertou-me a curiosidade em lê-lo porque remetia às histórias bíblicas. E assim que comecei a ler essa obra e a “desfilar” com o livro pelos colégios onde trabalho, eu percebi que os meus alunos também se interessavam pela leitura desse conto.
Em alguns momentos de minhas aulas de Língua Portuguesa, quando eu citava trechos do livro para exemplificar alguma situação os meus alunos ficavam com os olhos brilhando enquanto eu narrava partes da história e ia comparando os símbolos com as passagens bíblicas. Uns balançavam a cabeça como que se estivessem dizendo: “Eu conheço esse texto bíblico!”; enquanto outros reforçavam a minha fala como querendo mostrar aos demais colegas de classe que também tinham conhecimento acerca das Escrituras Sagradas.
O mais interessante foi perceber que em poucas semanas vários alunos tinham adquirido a obra de C. S. Lewis (2009) e, consequentemente, estávamos debatendo as diversas leituras. E com essa ação percebe-se nitidamente a fala de Bakhtin (1996), quando afirma que cada leitor uma leitura! Eles estavam indo além-texto, inclusive aqueles que nunca tinham folhado a Bíblia. Liam o livro e buscavam na internet e nas escrituras mais informações sobre os símbolos usados por Lewis, e até informações acerca da vida do próprio autor.
Outro fenômeno foi ver como contagiou até os alunos que não eram fãs de leitura. Fato curioso, também, foi que de tanto falar sobre a história em casa a minha esposa nomeou o nosso cachorrinho de Aslam (o leão, personagem que faz alusão a Jesus no conto).
Sou cristão deste a infância, na qual os princípios de fé foram bem fundamentados na Palavra de Deus (Bíblia). E por ser cristão é notório que a minha visão de mundo norteie as minhas ações. Portanto, a minha ideologia está às claras quanto a escolha do objeto de pesquisa e quanto à interpretação que farei dos trechos de O Leão, a Feiticeira e O Guarda-roupa [As Crônica de Nárnia]. Como afirma André, Henrique e Alves:

...há ainda um outro aspecto relevante que merece destaque nas reflexões acerca do pesquisador e seu objeto de estudo, ou seja, o caráter ideológico presente no investigador, o que poderá interferir na neutralidade deste à interpretação do objeto, do rigor enquanto instrumento de investigação, uma vez que a ideologia está fortemente relacionada às escolhas e interpretações do cientista (o que pesquisar, com qual fundamento, qual método). (André, Henrique e Alves, 2005, p.8)

Dizer a um jovem que Aslam (o leão) pode ser visto como uma representação de Jesus Cristo é muito instigante, tendo em vista que vivemos numa sociedade de maioria cristã. Então, é preciso direcioná-lo e valorizar o repertório cultural que ele já traz dentro de si, fato que a escola não tem sabido fazer. Como consequência disso, segundo os dados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos - traduzido para o Português) 2000, nós temos um cenário de analfabetos funcionais que só leem letras, palavras e frases, mas não são capazes de compreender o sentido daquilo que estão lendo. E para ensinar o aluno a ler, viajar e interpretar o professor não precisa destitui-lo de seus conhecimentos prévios, neste caso, a Bíblia Sagrada. Ele deve respeitar a curiosidade do aluno sendo um orientador, não um ditador!
            Quando ensinamos os alunos a lerem, passamos, instintivamente, ideologias que estão impregnadas em nós. Mas o que se tem de ter claro em nossas mentes é no como fazer as nossas crianças enxergarem os valores universais recheados nos principais livros de literatura. Não se está dizendo em ensinar doutrinas cristãs nas escolas, mas sim, passar uma visão ampla daquilo que se está lendo.
            Eveline Charmeux (1995, p.102) afirma que ao contrário do que se pensava, a criança não chega à escola oca, ela já traz consigo uma leitura de mundo que tem de ser lapidada pelo professor. Nota-se, então, que a responsabilidade pela formação, orientação com qualidade e consciência é do educador. O professor é o parceiro mais experiente desse processo cognitivo, provocando no aluno a busca pelo conhecimento.
É perceptível a capacidade que os contos de fada têm de capturarem a essência humana cheia de maldade, dor e sofrimento e transformá-las em alegria, esperança e sabedoria. Assim também fizeram Castro Alves, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Murilo Mendes e tantos outros escritores universais, que, denunciavam e criticavam as mazelas de um povo, de uma sociedade, mas que traziam aos olhos do leitor sonhos e perspectivas.
            O que se expõe neste trabalho transcende a mera religiosidade! Se eu conseguir fazer com que meu aluno (leitor) vá buscar em outras leituras algo que contradiga o que analisei aqui já terei atingido um dos objetivos desta pesquisa: a leitura. Se, além disso, ele conseguir ampliar esta redação, registrar e tornar público, seja com um simples relato, crônica e/ou artigo terei atingido outro objetivo: o da escrita. Não existe texto imparcial, não sejamos ingênuos em acreditar nisso.
Que tipo de aluno nós queremos formar? Se não os ensinarmos a investigar, a ver a questão de vários ângulos e formas veremos estes dando ibope à Reality Shows e a besteiróis que algumas mídias produzem, deixando-os aquém de uma visão realista do que é o mundo e de qual é o seu papel nele. Precisamos ensinar o nosso discente a fazer uma leitura proficiente de bons livros, jornais, revistas, artigos etc., isto é, fazê-lo enxergar o que está por trás das palavras, conjecturar pressupostos e, com certeza, ele não será mais o mesmo ao término da leitura. A visão de mundo do leitor e ele mesmo mudam, porque ler não é um ato de consumir ideias, mas sim de criá-las e recriá-las. E o que desejamos em nossos alunos? Desejamos que se tornem leitores e escritores críticos; que não se tornem marionetes dos ventos que sopram ora para uma direção ora para outra; que eles saibam assumir posições baseadas em argumentos e fatos sólidos.
            Ensinar exige estudo e criatividade, e, a partir do momento em que eu resolvi usar esta obra (As Crônicas de Nárnia) para estimular a leitura e a produção textual do meu aluno, tive de sair da minha zona de conforto e pensar no como eu iria atingir este estudante, de maneira tal que ele se sentisse tão entusiasmado que pudesse seguir em frente sozinho, atingindo, assim, uma autonomia na leitura e na escrita. Isso me remete a uma frase citada por GADOTTI (1991, p.24) em que Paulo Freire diz que se deve pensar sempre na prática.
            E, ainda, em concordância com FREIRE (2007):

Estudar seriamente em texto é estudar o estudo de quem, estudando, o escreveu. É perceber o condicionamento histórico-sociológico do conhecimento. É buscar as relações entre o conteúdo em estudo e outras dimensões afins do conhecimento. Estudar é uma forma de reinventar, de recriar, de reescrever – tarefa de sujeito e não de objeto. Desta maneira, não é possível a quem estuda, numa tal perspectiva, alienar-se ao texto, renunciando assim à sua atitude crítica em face dele.
A atitude crítica no estudo é a mesma que deve ser tomada diante do mundo, da realidade, da existência. (pp.10 e 11)

Vale ressaltar que toda pesquisa passa pelo crivo da Língua Portuguesa, pois envolve, entre muitos aspectos, o poder de leitura, síntese, análise e interpretação, ortografia, semântica, estilística e apropriação e organização das inúmeras vozes dentro de um mesmo texto.
Em conformidade com o cerne desta pesquisa BUENO (2007, p.417) explica que ideologia é a ciência da formação das ideias, convicção religiosa ou política. Então, como tornar as ideias e as convicções (abstratas) em algo visível, palpável, concreto? Por meio das palavras, frases, textos. E isso também é Língua Portuguesa.

Análise do Conto

As Crônicas de Nárnia é uma coletânea de oito livros. Nas últimas seis décadas este livro transcendeu o gênero da fantasia para se tornar parte do cânone da literatura clássica. A fascinação de Lewis por contos de fadas, mitos e lendas antigas, juntamente com a inspiração trazida da infância, levaram-no a escrever este clássico da literatura universal.
Segundo Bruno Bettelheim (1999), o conto de fadas, apesar de ser acusado de alienante por alguns estudiosos, é um importante recurso na formação da personalidade da criança; por isso, devendo ser bem mais aproveitado pelos pais e educadores. Para ele

é característico dos contos de fadas colocar um dilema existencial de forma breve e categórica. Isso permite à criança aprender o problema em sua forma mais essencial, onde uma trama mais complexa confundiria o assunto para ela. O conto de fadas simplifica todas as situações. Suas figuras são esboçadas claramente; e detalhes, a menos que muito importantes, são eliminados. Todos os personagens são típicos do que únicos. (BETTELHEIM, 1999, p.15)

Ele ainda afirma que dotar a criança de experiências capazes de dar significado à vida é tarefa difícil, contudo, a literatura é um dos meios mais eficazes para transmitir a nossa herança cultural. Trabalhando em nível do inconsciente, os contos de fadas desvelam-nos, de forma alegórica, problemas cruciais de nossa existência e oferecem-nos pistas para a conquista da nossa maturidade.
O meu objeto de estudo é o livro O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa, escrito em 1949 por Clave Staples Lewis, também conhecido como Jack pelos amigos. Nasceu em Belfast, Irlanda, em 1898 (falecido em 1963). Ele e seu amigo J. R. R. Tolkien, autor da trilogia O Senhor dos Anéis, faziam parte dos Inklings, um clube informal de escritores que se reuniam num pub local para discutir ideias para as histórias. Formou-se me Letras e Literatura aos 22 anos (em 1920), e logo depois em Teologia e Linguística. Foi professor universitário, teólogo, poeta e escritor britânico.
Lewis comenta:

Não é claro que não foi inconsciente, mas, até onde consigo recordar, nem mesmo foi, a princípio, intencional. Isto é, quando comecei O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa não creio que tenha previsto o que Aslam iria fazer ou sofrer. Acredito que ele apenas insistiu em comportar-se de seu próprio jeito, como Jesus. É claro que eu compreendi isso, e toda a série de crônicas [Nárnia] tornou-se cristã. (CÉSAR, Júlio, 2007).

Jean Michel Gallo Soldatelli (2009), a respeito desse comentário, afirma que a linguagem (qualquer sistema de símbolos – HOUAISS, p.464) pode ser considerada como uma visão de mundo de uma pessoa, isto é, passa pelo filtro pessoal do indivíduo antes de ser exteriorizada.
É incontestável, pelo menos para quem já leu a Bíblia (principalmente o Novo Testamento), que várias passagens do livro O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa fazem alusão à vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. São muitos os símbolos contidos ao longo dessa obra. Ficando, assim, impossível desmentir as comparações.
Há, todavia, quem afirme que não tem nada a ver um livro com o outro. HEIDERICH, Felipe diz:

(...) contudo, a confusão de símbolos é tão grande que me faz refletir se realmente vale a pena ler essa história como algo considerado cristão ou que passe uma mensagem de fé.

O escritor deste conto usou símbolo, mito, metáfora, alegoria para atrair os jovens à leitura. Na linguagem dos nossos alunos (filhos): “Foi uma sacada fantástica!”. A imaginação é, portanto, tudo que há de mais mirabolante, inesperado, sublime, transparente, falso, verossímil, verdadeiro em nós. SILVA (2010) faz menção a uma frase de Albert Einstein que diz que a imaginação é mais importante que a ciência, porque a ciência é limitada, ao passo que a imaginação abrange o mundo inteiro. Tudo isso exige domínio não só de habilidades linguísticas, como também de ordem cognitiva, social e cultural.
De acordo com o dicionário Houaiss (2009, p.689), símbolo é o que, por analogia ou convenção, representa, sugere ou substitui outra coisa; ser, objeto ou imagem a que se atribuiu certo significado. Entre as definições de “mito”: relato simbólico, passado de geração em geração dentro de um grupo, que narra e explica a origem de determinado fenômeno, ser vivo, acidente geográfico, instituição, costume social etc. Nesta acepção, por exemplo, pode-se chamar de “mito” o relato da Criação (A criação dos céus e da terra e de tudo o que nele há – A Bíblia Sagrada, livro de Gênesis, capítulo 1, versículos de 01 a 27; p.03), passada de geração em geração entre o povo judeu primitivo.
Pode-se dizer que todo símbolo é um signo, ou seja, é carregado de sentido. Porém, muitas vezes durante uma leitura só se percebe superficialmente esse sentido. O valor simbólico atualiza-se diferentemente para cada um de nós. A imaginação já não é mais desprezada ou chamada de loucura, devido às descobertas e ao progresso, pois a aceitação dos símbolos se deve, em grande parte, à ciência, aos sociólogos que estão tentando medir os efeitos da dominação atual da imagem, às interpretações modernas dos mitos antigos, ao nascimento de mitos modernos e às lúcidas explorações da psicanálise. (CHEVELIER, p.45, 2009)
Como chamar a atenção das crianças e/ou adolescentes de hoje com tantos atrativos eletrônicos se não com seres mitológicos e alegóricos? Lemos isso, inclusive, na Bíblia (escrita há mais de dois mil anos), em Apocalipse 12:01 a 06 (ALMEIDA, p.270) cuja narrativa envolve um dragão de sete cabeças:

Viu-se grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça, que, achando-se grávida, grita com as dores de parto, sofrendo tormento para dar à luz. Viu-se, também, outro sinal no céu, e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas. A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra; e o dragão se deteve em frente da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse. (...)

Por isso, também, a comparação entre as Escrituras Sagradas com O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa que, não obstante, faz o leitor refletir, pensar, conjecturar, buscar relações daquilo que se está lendo com as várias situações da vida real. Ou seja, é a transposição do sentido figurado para o sentido literal (real).
Percebe-se, claramente, a intenção do autor em passar valores, princípios e sentimentos que a sociedade mundial finge não perceber que está se perdendo a cada geração. É a velha luta do bem contra o mal. O Leão (Aslam) vai além da história e envolve as escolhas dos jovens e suas decisões ante as tentações da vida.
Será que nossos alunos (filhos) não serão impactados com leituras como As Crônicas de Nárnia, aliadas, seja com a Bíblia ou com quaisquer livros que abordem valores, tais como amor ao próximo e a si mesmo, paciência, compaixão, honestidade, ética etc.?
Assim como fez Jesus Cristo que usava estórias (parábolas) para ilustrar ensinamentos importantes, como no exemplo registrado no livro de Mateus, capítulo 13, versículos de 31 a 34, que diz que

o reino do Céu é como uma semente de mostarda, que o homem pega e semeia em sua terra. Ela é a menor de todas as sementes; mas, quando cresce, torna-se a maior de todas as plantas. (...). Jesus usava parábolas para dizer tudo isso ao povo. Ele não dizia nada a eles sem ser por meio de parábolas. (Bíblia do Surfista, p.27)

Também, fez C. S. Lewis nesta obra, e, assim, também fazemos nós, professores e pais. Ele escreveu O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa num período pós-guerra (II Guerra Mundial) em que a esperança parecia utopia. Com o mundo em crise, por que não fazer uso da imaginação e da fantasia para levar às crianças um pouco de ânimo e esperança num momento de dura realidade?
Nárnia é um mundo onde somos filhos do Rei.

 Não lhes disse eu que ele é o Rei dos bosques, filho do grande Imperador de Além-mar? Não sabem quem é o rei dos animais? Aslam é um leão, o grande Leão! (...) Ele é o REI. (pp.137 e 138)

Comparando com o texto bíblico:

Venham, vocês que são abençoados pelo meu Pai! Venham e recebam o Reino que o meu Pai preparou para vocês desde a criação do mundo. (Bíblia do Surfista. p.55 – Matheus 25:34,)

O Leão Aslam é a representação do poderoso, soberano e é luminoso ao extremo. Rei dos animais. Está imbuído das qualidades inerentes à sua categoria. Símbolo do Pai, Mestre; também da justiça. (CHEVELIER, p.123, 2009)
Não choreis, eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos. (A Bíblia Sagrada, p.265 – Apocalipse 5:5)
            Na iconografia medieval, a cabeça e a parte anterior do leão correspondem à natureza divina de Cristo, a parte posterior – que contrasta por sua relativa fraqueza – à natureza humana.
C. S. Lewis (2009) refere-se a um guarda-roupa mágico cujo interior é maior que o exterior. A magia é uma alusão ao sobrenatural, e o guarda-roupa, ao natural. O guarda-roupa é um lugar onde praticamente todos guardam suas roupas limpas. A analogia entre os dois mundos (natural e sobrenatural) está na relação entre a Bíblia – natural, e o guarda-roupa que serve como uma espécie de portal para levar à Nárnia – sobrenatural:

 Só então viu que havia uma luz em frente, não a dois palmos do nariz, onde devia estar o fundo do guarda-roupa, mas lá longe. Caía-lhe em cima uma coisa leve e macia. Um minuto depois percebeu que estava num bosque, à noite, e que havia neve sob os seus pés [...] Sentiu-se um pouco assustada, mas, ao mesmo tempo, excitada e cheia de curiosidade. Olhando para trás, lá no fundo, por entre os troncos das árvores, viu ainda a porta do guarda-roupa aberta [...] – (p.105)

Comparando com o texto bíblico:

- Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quem não entra no curral das ovelhas pela porta, mas pula o muro é um ladrão e bandido. Mas quem entra pela porta é o pastor do rebanho. O porteiro abre a porta para ele. As ovelhas reconhecem a sua voz quando ele as chama pelo nome, e ele as leva para fora do curral. Quando todas estão do lado de fora, ele vai na frente delas, e elas o seguem porque conhecem a voz dele. Mas de jeito nenhum seguirão um estranho! Pelo contrário, elas fugirão, pois não conhecem a voz de estranhos.
Jesus fez esta comparação, mas ninguém entendeu o que ele queria dizer. Então ele continuou:
- Eu sou a porta por onde as ovelhas passam. (...) Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo; poderá entrar e sair e achará comida. (...) mas eu vim para que as ovelhas tenham vida, a vida completa. (Bíblia do Surfista. pp. 198 e 199 – João 10:1 a 10)

Isso mostra que Deus usa de meios naturais para revelar o espiritual aos homens. (CÉSAR, Júlio, 2007). Para se acreditar em Nárnia é preciso enxergar com os olhos inocentes de uma criança. A caçula, Lúcia, encontra Nárnia primeiro (p.105). Seus irmãos mais velhos só depois – Edmundo (p.114) – e os demais (p.126):

Comparando com o texto bíblico:

 (...) – deixem que as crianças venham a mim e não as proíbam que elas façam isso, pois o reino de Deus é das pessoas que são como as crianças. (...) Quem não receber o Reino de Deus como uma criança nunca entrará nele. (Bíblia do Surfista. p.18 – Lucas 19:16-17)

A Feiticeira Branca se diz rainha de Nárnia. Esta figura simboliza o Diabo. A ela é atribuída a falsa beleza, a inveja, a tristeza etc. Ela usa da mentira para atrair Edmundo.

 Diz que ela é rainha de Nárnia, embora não tenha o direito de ser rainha. (p.119)

Comparando com o texto bíblico:

(...) Desde a criação do mundo ele foi assassino e nunca esteve do lado da verdade porque nele não existe verdade. Quando o Diabo mente, está apenas fazendo o que é do seu costume, pois é mentiroso e é o pai de todas as mentiras. (Bíblia do Surfista. p.195 – João 8:44)

Fato este, como todas as tentações feitas pelo Diabo aos seres humanos, que parece serem maravilhosas, que logo em seguida escraviza, prende e acaba com as pessoas.

- Filho de Adão, o que deseja comer? – perguntou a rainha.
- Manjar turco, por favor – disse Edmundo.
Ele nunca tinha saboreado coisa mais deliciosa, tão gostosa e tão leve.  (...) enquanto ele comia, a rainha não cessava de fazer-lhe perguntas. Nem quis saber por que razão a rainha era tão curiosa. Aos poucos, ela foi-lhe arrancando tudo que queria saber... (p.117)

Comparando com o texto bíblico:

O Diabo só vem para matar, roubar e destruir. (Bíblia do Surfista, p.199 – João 10:1 a 10)

Neste momento, Edmundo entrega seus irmãos de bandeja à Feiticeira e é aprisionado por ela. Porém, Aslam, propõe à rainha uma troca: a vida dele pela a de Edmundo, e ela, prontamente, aceita.
Aslam é humilhado, cuspido, chutado, pisoteado (p.170):

Fizeram uma coroa cheia de ramos cheios de espinhos, e a puseram em sua cabeça, (...) chicotearam e caçoaram dele, cuspiam e batiam em sua cabeça. (Bíblia do Surfista, p.62 – Mateus 27 a 30)

Remetendo ao sacrifício de Jesus na Cruz do Calvário, Aslam, como Salvador, troca sua vida pela do traidor, Edmundo.

Compreenda que você entregou Nárnia para sempre, que perdeu a própria vida sem ter salvado a vida da criatura humana. Consciente disso, desespere e morra. (p.171)

Comparando com o texto bíblico:

 Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a vida pelas ovelhas. (Bíblia do Surfista. p.199 – João 10:11)

O leão (Aslam) ressuscita e explica o conceito de sacrifício expiatório de um inocente, e diz que sem derramamento de sangue não há perdão, isto é, Jesus é o sacrifício perfeito e eterno:

- Explico: (...) Se uma vítima voluntária, inocente de traição, fosse executada no lugar de um traidor, a mesa estalaria e a própria morte começaria a andar para trás... (p.175)

Comparando com o texto bíblico:

De fato, de acordo com a lei, quase tudo é purificado com sangue. E, não havendo derramamento de sangue, não há perdão de pecados. (...) Uma vez por todas ele apareceu agora, quando os tempos estão chegando ao fim, para tirar os pecados por meio do sacrifício de si mesmo. (...) Assim também Cristo foi oferecido uma só vez em sacrifício, para tirar os pecados de muitas pessoas. Depois ele aparecerá pela segunda vez, não para tirar pecados, mas para salvar as pessoas que estão esperando por ele. (Bíblia do Surfista. p.430 – Hebreus 9:22 a 28)

Outra marca do simbolismo está no presente que Pedro ganha: uma espada, que na ideologia cristã representa a Palavra de Deus; e um escudo, que representa a Fé. A espada simboliza a bravura; é símbolo da virtude, poderio. O poderio tem duplo aspecto: o destruidor (embora essa destruição possa aplicar-se contra a injustiça, a maleficência e a ignorância e, por causa disso, torna-se positiva); e o construtor, pois estabelece e mantém a paz e a justiça. Nas tradições cristãs, a espada é uma arma nobre que pertence aos cavaleiros e aos heróis cristãos:

E entregou a Pedro um escudo e uma espada. O escudo era cor de prata, com um leão rubro no centro, lustroso como um morango pronto para ser colhido. A espada tinha punho de ouro, bainha, cinto, tudo, e parecia feita sob medida. Pedro recebeu os presentes em grave silêncio, sentindo que se tratava de uma coisa muito séria. (pp.150 e 151)

Em consonância com CHEVELIER (2009), o valor simbólico atualiza-se diferentemente para cada um de nós.
Durante a grande batalha Edmundo quebrou a vara mágica da Feiticeira Branca com um golpe de espada (p.182). É a representatividade da Palavra de Deus sobre o pecado.
Após a luta, Aslam traz à vida todos os guerreiros que foram petrificados pela Feiticeira:

Aslam aproximou-se do leão de pedra e soprou. (...) e soprou também o anão e um coelhinho e dois centauros de pedra. (...) E as estátuas voltaram à vida por todos os lados... (pp.177 e 178)

Comparando com o texto bíblico:

Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim nunca morrerá. Você acredita nisso? (Bíblia do Surfista, p.201 – João 11:25)

Caminhando para uma análise final da obra, a história comprova o amor incondicional de Jesus por nós (pecadores). Aslam perdoa Edmundo – Filho de Adão (referência a Adão, que abriu as portas para que o pecado se instalasse no mundo (A Bíblia Sagrada, Gênesis 3:06 a 24). As Escrituras, em II coríntios 5:17, registra que todo aquele que está em Cristo nova criatura é, o passado já se foi e eis que tudo se fez novo. Aslam diz a Edmundo que

...não vale a pena falar do que aconteceu. O que passou, passou. (p.164)

Por fim, eles voltaram à casa do professor pelo guarda-roupa. Em Nárnia eles já haviam se tornado adultos, porém, quando regressaram, o tempo não havia passado; voltaram a ser crianças.

Assim, reis e rainhas entraram no bosque, e ainda não tinham dado meia dúzia de passos quando notaram que o objeto visto era um lampião. E pouco mais tinham andado quando perceberam que não seguiam entre ramagens, mas entre casacos de peles. E daí a um pouquinho saltavam todos da porta do guarda-roupa para a sala vazia. Já não eram reis e rainhas em traje de montaria, mas simplesmente, Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia, nas suas roupas antigas. E era o dia e a hora em que todos tinham entrado no guarda-roupa para se esconderem. D. Marta e os visitantes falavam ainda no corredor, mas, felizmente, nunca chegaram a entrar na sala vazia, e as crianças não foram apanhadas. (p.186)

Comparando com o texto bíblico:

Antes de formares os montes e de começares a criar a terra e o Universo, tu és Deus eternamente, no passado, no presente e no futuro.
Tu dizes aos seres humanos que voltem a ser o que eram antes; tu fazes com que novamente virem pó. Diante de ti, mil anos são como um dia, como o dia de ontem que já passou; são como uma hora noturna que passa depressa. (Bíblia do Surfista, p.608 – Salmos 90:02 a 04)

As crianças contaram ao professor sobre a aventura que viveram em Nárnia. E ele os fala que Aslam voltará quando eles menos esperarem e que devem manter os olhos abertos, isto é, vigiar!

Quando menos esperarem, pode acontecer. (p.186)

Comparando com o texto bíblico:

Fiquem vigiando, pois vocês não sabem em que dia vai chegar o seu Senhor. Lembrem disto: se o dono da casa soubesse quando ia chegar o ladrão, ficaria vigiando e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. Por isso vocês também fiquem vigiando, pois o Filho do Homem chegará na hora em que vocês não estiverem esperando. (Bíblia do Surfista, p.608 – Mateus 24:42 a 44)

O professor, no penúltimo parágrafo do livro, faz uma pergunta interessante, mesmo se tratando de uma narrativa ficcional é algo bem real nos dias de hoje:

O que é que estão ensinando na escola? (p.186)
Atrevo-me a responder:
Estamos nos esquecendo de fazer o aluno sonhar, viajar na história que está lendo. Apenas é feita uma leitura superficial e instantânea que dá sono nesta geração turbinada pelas mídias eletrônicas. Deixamos de motivá-los a criarem com ousadia, atrevimento e, por que não dizer com esperança.
O sistema obriga-nos a quantificar alunos nas aprovações, ao passo que deveríamos qualificá-los para saltos maiores no processo cognitivo. Como estamos motivando os nossos alunos para que esses se tornem bons leitores e escritores críticos? Será que nós, professores, estamos levando esses jovens a terem uma aprendizagem significativa? Quais métodos inovadores temos usado?
Parafraseando com o trecho:
...se o professor tinha razão, as aventuras em Nárnia estavam apenas começando. (p.186)
Essa discussão é apenas o começo!

Personagens Principais

Para que o leitor desta análise possa ter um panorama maior da história será apresentado os personagens principais.
Lúcia era a mais novinha. Edmundo o segundo mais novo. Pedro era o mais velho. E Susana a segunda mais velha:
 Era uma vez duas meninas e dois meninos: Susana, Lúcia, Pedro e Edmundo. (Capítulo I – p.103)
O Professor (Que só aparece no início e no final da história.):
O professor era solteiro e morava numa casa muito grande, com a governanta e três empregadas, que não aparecem muito na história. Ele era um velho de cabelo desgrenhado e branco, que lhe cobria a maior parte do rosto, além da cabeça. [...] ...é claro que um dia vocês voltarão a Nárnia. Quem é coroado rei em Nárnia, será sempre rei em Nárnia... [...] (Capítulo I – p.103 e Capítulo 17 – p.186)
Sr. Tumnus:
Era um pouco mais alto do que Lúcia. Da cintura para cima parecia um homem, mas as pernas eram de bode (com pelos pretos e acetinados) e, em vez de pés, tinha casco de bode. Tinha, também, cauda. (Capítulo I – p.106)
A Feiticeira Branca:
...uma criatura muitíssimo diferente: uma grande dama, a maior mulher que Edmundo já vira. Estava também envolta em peles brancas até o pescoço, e trazia, na mão direita, uma longa varinha dourada, e uma coroa de ouro na cabeça. Seu rosto era branco (não apenas claro), branco como a neve, como papel, como açúcar. A boca se destacava, vermelhíssima. Era, apesar de tudo, um belo rosto, mas orgulhoso, frio, duro... (Capítulo III – p.115)
Aslam (O Leão):
...Aslam é o rei. É o verdadeiro Senhor dos Bosques (...) Filho do grande Imperador de Além-mar (...) Aslam é um leão... o Leão, o grande Leão! (...) Ele é bom. Ele é Rei. (Capítulo VIII – pp.137 e 138)

Considerações Finais

O que importa é que continuarei a instigar os meus alunos (e a minha filha) a investigarem sempre o que está nas entrelinhas, a enxergar além das letras impressas no papel e/ou nas mídias digitais.
Quero ser espelho para os meus alunos. Quero que vejam em mim a alegria e entusiasmo no que faço. Na etimologia da palavra, “entusiasmo”, do Latim ENTHUSIASMUS significa “Deus em si/Deus em mim”, do grego ENTHOUSIASMOS, significa “inspiração divina”; do verbo ENTHOUSIAZENIN, “estar inspirado” ou “possuído por um deus”, “estar em êxtase”; de ENTHEOS: “divinamente inspirado”, formado pelo prefixo –IN (em) + THEOS (Deus).
Para mim, esta pesquisa contribuiu para a realização de um sonho: tornar-me um especialista da língua. É, também, a minha contribuição social como professor e pós-graduando em Língua Portuguesa. Bakhtin (2006, p.48) diz que cada palavra se apresenta como uma arena em miniatura onde se entrecruzam e lutam os valores sociais. A palavra revela-se, no momento de sua expressão, como o produto da interação viva das forças sociais.
Como especialista em Língua Portuguesa, que trabalha na perspectiva de como podemos motivar nossos alunos e trabalhar na linha da aprendizagem significativa, acredito no trabalho como aquilo que é significativo para o aluno, naquilo que conversa com saberes prévios e que traz sentido e significado para a vida deles. Isso motiva e traz a aprendizagem.
Os professores precisam de espaço em sua formação docente para trabalharem nessa dimensão, com entusiasmo pelo que fazem, acreditando na ludicidade, na criatividade, em propor novas formas de trabalhar com alunos que convivem com linguagens contemporâneas.


REFERÊNCIAS

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ANDRÉ, Ana Paula; HENRIQUES, Maria J.; ALVES, Pedro Rizzi. Reflexões sobre pesquisa científica e ideologia em ciências sociais. In: Seminário Nacional Estado e Políticas Sociais no Brasil, 2., 2005, Cascavel. Anais. Cascavel: 2005. Disponível em: http://cac-php.unioeste.br/projetos/gpps/midia/mss332.pdf - Acessado em 10/06/2013.

BAKHTIN, M. M. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais no método sociológico na ciência da linguagem. 8.ed. São Paulo: Hucitec, 1996.

________. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

Bíblia do Surfista: Novo Testamento, Salmos e Provérbios. Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

BUENO, Silveira. Minidicionário da Língua Portuguesa. 2.ed. São Paulo: FTD, 2007.

BUSSARELLO, Raulino. Dicionário básico latino-português. 4.ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1998.

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fada. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

CÉSAR, Júlio. Crônicas de Nárnia e o Evangelho. Disponível em: http://jesusaslifestyle.blogspot.com.br/search?q=as+cr%C3%B4nicas+de+n%C3%A1rnia – Acessado em 09/06/2013.

CHARMEUX, Eveline. Aprender a ler: vencendo o fracasso. Cortez Editora. 2.ed. São Paulo: 1995.

CHEVELIER, Jean & GHEERBRANT, Alain. Dicionários de Símbolos: mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. 24.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009.

FREIRE, Paulo. A ação cultural para a realidade e outros escritos. 12.ed. Editora Paz e Terra. São Paulo: 2007.

GADOTTI, Moacir. Um convite à leitura de Paulo Freira. 2.ed. Scipione. São Paulo: 1991.

HEIDERICH, Felipe. Disponível em: http://blogs.odiario.com/inforgospel/?p=26807 – Acessado em 09/06/2013.

HOUAISS, Antônio & VILLAR, Mauro de Salles. Minidicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 3.ed.rev. e aum. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.



Jornal O Estado de S. Paulo – Geral: Estudantes brasileiros não sabem o que leem – quarta-feira, 05 de dezembro de 2001.

LEWIS, C. S. As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa. 2.ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.

SILVA, Daniele Cristine Furones. Responsabilidade social e ambiental: O caso do setor madeireiro de Juína–MT. Monografia Disponível em http://www.biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20110804102202.pdf - Acessado em 07/07/2013.



SOLDATELLI, Jean Michel Gallo. Resenha Crítica do livro Linguagem e Ideologia de José Luiz Fiorin. Disponível em: http://www.slideshare.net/jeanjmgs/resenha-crtica-do-livro-linguagem-e-ideologia-de-jos-luiz-fiorin - Acessado em 07/07/2013.

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Nota deste trabalho: 9,5.

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As figuras abaixo não fazem parte deste Artigo Científico:


Autor: Clave Staples Lewis

Imagens dos Filmes e Capas de Livros




























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