O Estado me oferece:
Uma sala medieval com 40 alunos hipermodernos. Cada aluno com um celular sofisticado, com múltiplas funções. Para lidar com tudo isso, recebo um instrumento de última geração: GIZ. São 50 minutos com 40 alunos de todos os jeitos e trejeitos. Uns bem-amados, disciplinados, bem-humorados, educados, respeitosos; outros, mal-amados, revoltados, indisciplinados, mal-humorados , desrespeitosos. E, pra piorar, há amontoados de papéis para preencher. Diante desse quadro desolador, o professorado recebe um mandamento mágico: GESTÃO de SALA. A tal falácia, Gestão de sala, – diante de um contexto desfavorável - é uma forma que encontraram para culpabilizar os professores pelo descaso da família e do Estado.
Um garoto agrediu uma garota: Gestão de sala!
A garota chegou com fome e com sono: Gestão de sala!
O/A namorado(a) foi embora: Gestão de sala!
Não aprendeu em casa o que são limites: Gestão de sala!
Família desestruturada: Gestão de Sala!
Mamãe não me ama: Gestão de sala!
Papai deixou mamãe: Gestão de sala!
Não dormiu direito, ficou jogando à madrugada toda: Gestão de sala!
Escola desestruturada: Gestão de sala!
Faltam funcionários: Gestão de sala!
Extraviaram o dinheiro da merenda: Gestão de sala!
Salário defasado: Gestão de sala!
Problemas com drogas: Gestão de sala!
Gestão de sala! Gestão de sala! Gestão de sala!
O Problema é coletivo. Se houvesse uma boa gestão fora da sala (Estado e família) não teríamos tantos problemas dentro de sala.
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